Leonardo da Vinci e uma lembrança da sua infância (1910)
"A psicanálise nos fez ver que Deus nada mais é que, psicologicamente falando, um pai posto nas nuvens (...) O Deus justo e todo poderoso e a Natureza bondosa aparecem-nos como magnas sublimações do pai e da mãe"
O Futuro de uma ilusão (1927)
"A religião é "um cabedal de idéias construído com o material fornecido pelas lembranças do desamparo em que o homem se encontrava na sua própria infância"
O mal-estar da civilização (1929)
"A religião "não se deve apenas simplesmente a uma sobrevivência das necessidades infantis, mas é permanentemente renimado pela angústia do homem diante da preponderância poderosa do destino"
Citações: Julien, Philippe. A psicanálise e o religioso, RJ, Zahar, 2010, p 16
"Para Freud, a ética da psicanálise consiste em parar de ter saudades do pai protetor e, desse modo, deixar de depender dele. Isso pressupõe fazer o luto da imagem ideal da autoridade. Acontece, porém, que a modernidade instaurou no Ocidente, e depois no mundo, o declínio de uma imagem grandiosa e digna de um mestre forte, e isso em três setores: na política, na família e na religião. Daí a pergunta: esse declínio deve ser assumido ou recusado?" (...)
"A verdadeira resposta à violência da juventude é transmitir a ela a capacidade de assumir o declínio da imagem ideal do pai, enquanto mestre, imagem infantil segundo Freud, imagem pagã segundo o cristianismo. Embora haja concordância entre psicanálise e judeu-cristianismo sobre a necessidade desse luto, há, em contrapartida, uma diferença quanto ao modo de realizá-lo, o que foi expresso, depois de Freud, por duas posições. Na linha de Carl Gustav Jung, a modemidade é um recalcamento, e a Psicanálise, um feliz retorno do passado religoso; com Jacques Lacan, ao contrário, a modernidade é um progresso das Luzes que a psicanálise pode fazer vingar à sua maneira".
Julien, Philippe. A psicanálise e o religioso, RJ, Zahar, 2010, p 24