Projeto Humanarte - Vocabulário de Psicanálise
Deus (Jung)
Sacrifício de Isaque (1401) L. Guiberti
 

"A experiência religiosa primordial é a influência de um sagrado imediato: experiência crucial que nada tem a ver com as ideias delirantes de que fala a psiquiatria. Há nisso uma vivência fundadora gue escapa ao discurso racional de ordem médica ou teológica e que só aqueles ou aquelas que experimentaram neles mesmos uma força desconhecida e irracional podem aceitar. É uma dimensão intrínseca de nosso psiquismo, isto é, da,alma humana desde sempre, na medida em que ela experimenta uma numinosidade sagrada, ou seja, uma emoção perturbadora, por exemplo, por ocasião dos seguintes acontecimentos: nascimento, puberdade, casamento, traição do outro, beleza, doença, morte de um ente querido.
(...) A exeriência do sagrado é universal, na medida em que é um saber do numinoso de ordem psíquica. Com efeito, o primitivo esta presente em todo ser humano, e desde sempre. Ao contrário, a chamada "fé" concerne a fatos exteriores à nossa alma, transmitidos por determinada religião particular com seus discursos teológicos, seus dogmas e, sobretudo, seus rituais. Ora, essas diversas religiões, que impõem aquilo em que se deve crer, recalcaram o religioso em geral, comum a toda a humanidade. Segundo Jung, essa é uma deficiência da qual a psicologia analítica pode nos curar reencontrando em nós forças que foram qualificadas ou como divinas, ou como demoníacas. Hoje, o discurso das religiões instituídas não leva em conta os problemas e sofrimentos vividos em nosso psiquismo. Ora, estes decorrem de uma concepção comum e global de nossa existência que a mitologia exprime bem melhor vinculando-nos a nosso inconsciente. Mas este é coletivo e não individual, como dizia Freud. Existe apenas um inconsciente coletivo, que informou a seu modo, a cada povo, a cada cultura, antes que esse inconsciente fosse transformado por uma influência externa, vinda de determinada religião ou de determinado poder racionalista das Luzes. (...) O que Jung faz é psicologia e não teologia. Chama de Self um arquétipo do divino no homem, uma força pulsional em nosso consciente criada desde a orgiem por Deus em todo homem."As pessoas por vezes me chamam de líder religioso - escreveu Jung - Não o sou. Não tenho mensagem, não tenho missão. Tento apenas entender"

Julien, Philippe.A psicanálise e o religioso, RJ, Zahar, 2010,pag 26-28

 

       
         
A - H
 
I-P
 
R-V
 
Nomes
     
Inconsciente Relações de Objeto Freud, Sigmund (1856-1939)
Agressividade
Jung, Carl Gustav (1875-1971)
Arquétipo (Jung) Inveja Sado-masoquismo
Complexo de Castração Narcisismo Símbolo (Jung) Klein, Melanie (1882-1960)
Complexo de Édipo Objeto Sonho
Lacan, Jacques (1901-1981)
Reich, Wilheim (1897-1957)
Deus Perversão Sublimação
Fase Oral Psicanálise Superego Silveira, Nise da (1905-1999)
Winnicott, Donald (1896-1971)
Homossexualismo Pulsão Violência