Projeto Humanarte - Vocabulário de Psicanálise
Violência

"É uma pergunta inevitável que se coloca, muito particularmente, para a juventude atual. Muitos jovens, entre 11 e 25 anos, vivem numa situação de perturbação, de incerteza sobre o futuro e, sobretudo, de ausência de referências estáveis em que se apoiar. As palavras das autoridades são consideradas pouco críveis: é um sim-sim, um sim-não ou um não-sim. Em que acreditar? É por isso que o caráter insuportável desse sentimento de Hilflosigkeit leva os jovens a três soluções: ao suicídio, que aumenta ano após ano, à droga e, sobretudo, à violência.Esta última escolha é uma forma de mostrar que,junto com outros, é possível responder à violênca sofrida injustamente por meio de outra violência justificada. De fato, essa violência tem um significado: é um apelo a uma a~tori.dade fo;te, estável e crível. É o pedi- do por uma imagem de homem que fale curto e grosso, com uma voz decidida e imperativa, acompanhada do gesto firme de um braço que se ergue edepois desce de um só golpe. Mas esse pedido é um retomo à ética tradicional do poder soberano do mestre ao qual é possível se identificar: fidelidade às raízes, narcisismo coletivo da raça, eliminação sacrificial dos estrangeiros, fronteira clara entre amigos e inimigos do povo, inclusào do semelhante por exclusão do diferente. Caso contrário, nào há identidade cidadã.
Por isso mesmo é que o século XX, que presenciou o triunfo da modemidade, foi o século que, em reação a ela, conheceu a maior quantidade de ditaduras na Europa, na América Latina, na África e no Oriente Médio. O mesmo ocorreu quando, ao político, juntou-se o religioso de comunidades ditas sectárias com manipulação dos jovens segundo três fatores: um líder insubstituível, uma fraternidade muito estreita e uma celebração festiva no canto e na música.
A verdadeira resposta à violência da juventude é transmitir a ela a capacidade de assumir o declínio da imagem ideal do pai, enquanto mestre, imagem infantil segundo Freud, imagem pagã segundo o cristianismo. Embora haja concordância entre psicanálise e judeu-cristianismo sobre a necessidade desse luto, há, em contrapartida, uma diferença quanto ao modo de realizá-lo, o que foi expresso, depois de Freud, por duas posições. Na linha de Carl Gustav Jung, a modemidade é um recalcamento, e a Psicanálise, um feliz retorno do passado religoso; com Jacques Lacan, ao contrário, a modernidade é um progresso das Luzes que a psicanálise pode fazer vingar à sua maneira".

Julien, Philippe. A psicanálise e o religioso, RJ, Zahar, 2010, p 24

   
A - H
 
I-P
 
R-V
 
Nomes
 
Agressividade Inconsciente Relações de Objeto Freud, Sigmund (1856-1939)  
Arquétipo (Jung) Inveja Sado-masoquismo Jung, Carl Gustav (1875-1971)  
Complexo de Castração Símbolo (Jung) Klein, Melanie (1882-1960)
Narcisismo
Complexo de Édipo
Objeto
Sonho Lacan, Jacques (1901-1981)
Deus Perversão
Sublimação Reich, Wilheim (1897-1957)
Fase Oral Psicanálise Silveira, Nise da (1905-1999)
Superego
Winnicott, Donald (1896-1971)
Homossexualismo Pulsão
Violência