Projeto Humanarte - Vocabulário de Psicanálise
Superego - comentário

"Vejamos um exemplo disso. Uma mulher decidiu consultar um psicanalista porque algo tinha começado a preocupá-Ia. Ela era casada com um homem a quem amava muito, mas com quem não gostava de ter relações sexuais. Até onde sabia, não existia um motivo para esse desprazer. Ainda assim, descobrira que não gostava de ter relações com ele; aliás, até se sentia um pouco deprimida após o ato sexual. No plano consciente, achava que não fizera nada de errado e não se sentia culpada. No entanto, sentia que as coisas não eram como deveriam ser e que tinha enorme inibição em ter prazer. Esperava que a psicanálise a ajudasse a resolver o problema.
Na análise, a mulher começou pouco a pouco a formar um quadro de algumas das forças presentes na sua situação. Quando bem pequena, amava muito a mãe, mas, a partir do nascimento da irmã mais nova, voltara-se contra a mãe e se tornara "a garotinha do papai". Lembrava-se de ter sido terrível com a mãe por muitos anos, mas superou essa fase e teve com ela um relacionamento razoável. Depois, na adolescência, o pai morreu e a mãe nunca mais se casou - ficou viúva para o resto da vida. No processo de análise, a paciente tomou consciência gradual dos sentimentos confusos e turbulentos que nutria em relação aos pais: o amor pela mãe, seguido do ressentimento, da inveja e do ciúme; o desejo de menina de ser melhor do que ela, de agradar ao pai mais do que a mãe o fazia; o ódio à mãe pelo fato de ela não ter conseguido de algum modo manter o pai vivo; a admiração pela coragem da mãe misturada a uma espécie de sentimento de vitória por ter atingido a maturidade sexual num momento em que a mãe não tinha parceiro; a culpa terrível, ainda que inconsciente, decorrente do amor real pela mãe, por ter, como disse ela, "invertido os papéis: agora só eu tenho um marido". Essa culpa inconsciente pelo sentimeno também inconsciente de vitória sobre a mãe a impedia de exercer uma sexualidade plena com o marido, até que tanto culpa como sentimento de vitória foram desvelados e compreendidos no processo de análise.
Como ocorreu nesse caso, sentimentos depressivos brandos ou graves costumam ser sinal de culpa inconsciente. A própria depressão pode assumir diversas formas: letargia, cansaço, sonolência, sentimento vago de infelicidade, ausência de prazer ou de entusiasmo. Em outras palavras, se o superego pode atacar e nos fazer sentir culpados, pode também atacar de formas muito mais sub-reptícias,fazendo-nos sentir deprimidos ou simplesmente "inferiores". É capaz de drenar todo o prazer, deixando-nos com a sensação de que a vida não tem sentido. Mesmo que não nos sintamos culpados no plano consciente, talvez sejamos punidos por algo de que temos uma culpa inconsciente. Roth, Priscila, Superego, RJ, Dumará-Ediouro,2005 (Conceitos da Psicanálise, v 5), pag 7


   
A - H
 
I-P
 
R-V
 
Nomes
       
Inconsciente Relações de Objeto Freud, Sigmund (1856-1939)
Agressividade
Jung, Carl Gustav (1875-1971)
Arquétipo (Jung) Inveja Sado-masoquismo
Complexo de Castração Narcisismo Símbolo (Jung) Klein, Melanie (1882-1960)
Complexo de Édipo Objeto Sonho
Lacan, Jacques (1901-1981)
Reich, Wilheim (1897-1957)
Deus Perversão Sublimação
Fase Oral Psicanálise Superego Silveira, Nise da (1905-1999)
Winnicott, Donald (1896-1971)
Homossexualismo Pulsão Violência